história do chocolate

Segundo os maias do México e da América Central, os deuses foram os primeiros a consumir o cacau. As florestas quentes e úmidas do México, onde os primeiros cacaueiros foram cultivados pelos olmecas (1200 ac), engoliram todos os vestígios arqueológicos do consumo do cacau. Restou a tradição oral veiculada pela civilização maia, que foi herdeira das plantações olmecas da costa do golfo do México. As bebidas achocolatadas existem pelo menos desde o século VI a.C., comprovado em Belize pela descoberta de um pote com vestígio de chocolate. Segundo o livro sagrado dos maias, a primeira bebida à base de cacau tem origem divina, pois foi elaborada para o casamento sobrenatural do herói Hun Hunahpu, com uma virgem de Xibalba. Hun Hunahpu foi decapitado pelos senhores do Xibalba, e sua cabeça pendurada numa árvora morta. Miraculosamente, a árvore deu frutos do cacaueiro. A virgem teria falado com o jovem morto na árvore, que lhe cuspiu na mão, fecundando-a. Depois do ocorrido, a bebida à base de cacau passou a fazer parte das negociações preliminares ao casamento. O cacau do Xibalba também era utilizado para purificar os pequenos maias, numa cerimônia semelhante ao batismo católico.


Em 1300 d.C., os astecas, gerreiros nômades que vieram do Norte, se instalaram no alto vale do atual México. Como as árvores não se aclimatavam ao frio dos altos planaltos, os astecas não cultivaram o cacaueiro, mas foram consumidores do chocolate, esse privilério somente dos nobres e guerreiros. As sementes de cacau eram utilizadas como moeda. O novos senhores do México, conquistadores e missionários espanhóis, na falta do vinho, cuja a importação havia sido proibida por édito imperial, aderiram ao consumo do chocolate. A introdução da cana-de-açucar possibilitou ingrementar as receitas à base de cacau, temperando o forte sabor do chocolate com açucar, baunilha e canela.


O chocolate do Novo Mundo estava pronto para encantar as cortes européias.


No século XVII, o chocolate se transformou na coqueluche da aristocracia e do clero, na Espanha. A partir daí, a iguaria conquistou a Bélgica, a Holanda e um parte da Itália. A bebida chegou oficialmente à França pela cidade de Beyonne, em 1615.


Às vésperas da Revolução Francesa, o chocolate ainda era um elixir para o povo de Paris.


A Revolução Industrial contribuiu para a mudança da mentalidade em relação ao chocolate, mantendo o prestígio, mas acessível ao povo. Tornou-se uma bebida comum, objeto de comercialização.


No final do século XX, o chocolate já havia percorrido o mundo, chegando ao Oriente Médio e ao Extremo Oriente. A China foi a última a se render às receitas à base de cacau.



No Brasil


A sementes de cacau chegaram ao sul da Bahia no século XVIII. Devido ao clima quente e úmido da região, extensos cacaueiros se desenvolveram rapidamente, transformando o estado no principal produtor de cacau do país e, em um dos maiores exportadores do mundo.


Outros estados brasileiros são produtores de cacau, sendo Pará e Rondônia.

Livro: Larousse do chocolate, Pierre Hermé